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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POESIA GOIANA
Coordenação: SALOMÃO SOUSA

 

 

Foto: www.xapuri.info/

 

 

NÁDIA APARECIDA PIRES

(Goiânia, Goiás, Brasil)

Vilaboense. Natural da Cidade de Goiás/Go.

Formou-se em Educação Física na Esefego.
É professora na Secretaria Municipal de Educação de Goiânia.

Oficineira e Autora de Livros e de Artes Visuais , Musicista.
Escritora. Para ela, "escrever é acima de tudo, a necessidade de dividir sentimentos, é como um sopro de esperança, pois compartilha  e reorganiza suas ideias, alimenta seus sonhos, sente-se útil, livra-se do tédio, expondo seu pensar e sentir, aguçando a prática de observar, de ler, redigir..."
 

 

 

ANTONIO ALMEIDA

BRITO, Elizabeth Caldeira, org.  Sublimes linguagens.  Goiânia, GO: Kelps, 2015.   244 p.  21,5x32 cm.  Capa e sobrecapa. Projeto gráfico e capa: Victor Marques.  ISBN 978-85-400-1248-6 BRITO, Elizabeth Caldeira, org.  Sublimes linguagens.  Goiânia, GO: Kelps, 2015.   244 p.  21,5x32 cm.  Capa e sobrecapa. Projeto gráfico e capa: Victor Marques.  ISBN 978-85-400-1248-6

Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

Chão de profecias

 

 

       I

Sou os recursos hídricos
Água das nascentes
Dos confins meândricos
Das fontes correntes
Cachoeiras, lagos, bacias
Brotos d´água, poços, minas
Pluvial, natural, fluvial, visceral
de lagoas, córregos, piscinas
De ocasião, emergencial
De rios, igarapés e represas,
Fluvial, visceral, pluvial, natural
Vivo a nostalgia das incertezas
Educacional, ambiental, social, cultural
Entre o desperdício, uso, reuso
Captação, poluição, violação
Desuso, descuido, abuso
Temo o tribunal da exceção!


II

 

       Asas da vida
Asas dos sonhos
Asas da lida
Coloridas, coloridas, coloridas
Doces, rígidas, incontidas
Ora enternecidas, ora desconcertantes.
Ora íntimas, ora tímidas, ora exuberantes
Voam, navegam, confeccionam
Cantos, prosas, versos, suscitam
Verdades, história, memória, emocionam
Tecem telas, esculturas, contos diversos
Junto a roda dos moinhos dos ventos
Ventos inversos e reversos, versus
Ares reversos e inversos, versos
Clarificando e reconstruindo inventos
Olvidando recordações indeléveis
Cultuam a esperança, garra, poesias
Ânimas, desenham ideias decididas
Avivando os desejos das Rosas, Marias
Coras, Reginas, Clarices, Olgas e Fridas.



       III

Estou caminheira, sou habitante
Menos sensata, mais errante
São tantos os vínculos rompidos
Que me sinto uma tola figurante
Estou sem graça, sou pessoa
Menos compromissada, mais infeliz
São tantos os desencontro civis
Que nem acho os óculos sobre meu nariz

Estou protagonista, sou multidão
Menos ativa, mais exclusiva
Crio gato, papagaio, peixe, cão
São muitos os códigos na diversidade
Que não discuto, mas sou adesiva
Sou apegada a reza, invocação e pregação
Não estudo, não aprofundo, sou apreensiva
Vivo as controvérsias na contemporaneidade
Não leio, não releio, não leio, nem contraleio
Sem discernimento, logo arrumo um  esteio.



IV

Assim sou a ponte
Elevada sobre a terra
Acima do nível d´água
Ou a altura do monte
Que provoca vertigem
Que cria passagem
Que concita viagem
Por cima retrato
A revoada de urubus
Por baixo destrato
Territoriais bando urus
Como um chão de profecia
De lá e de cá assisto pessoas
Numa polêmica liturgia
Entre fazer ou não fazer
A mística travessia.



V

Eu procuro uma lixeira
É claro ficar sem eira nem beira
Eu procuro um caminho
Uma aconchegante lápide
Para ficar acomodadinho
Então, por favor, ouça meu clamor
Pare de agir como uma áspide
Ajudei você com a saliva
Pare de agir como uma áspide
Sob a emblemática égide
Quero parabenizar a comitiva
Depois de seus desejos saciar
E afrouxar sua mobilidade articular
Quero alimentar a expectativa
Sou um chiclete secular
Preciso me transfigurar!


      VI

Linha. Atenuante, mínima, máxima
Ramificação, padrão, limitação
Genialidade, normalidade, insanidade.



VII

     
Criança. Infância tolhida
Olhar estático, gesto ensaiado
Vendedora e pedinte
Oferece figurinha colorida
Intimidando sem requinte
Trabalho configurado, camuflado açoite
Nos bares da vida, noite e pernoite.



VIII

Estou superficial, sou sociedade
Menos fraternal, mais discursiva
São tantas as pontuações na adversidade
Entre a produção, conveniência e consumo
Esqueço que sou alma na biodiversidade!

 

*

 

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Página publicada em junho de 2021


 

 

 
 
 
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